Base do governor Flávio Dino atropelou requerimento para votação de aumento do ICMS na Alema

Deputado Eduardo Braide

ATUAL7

Os deputados da base do governo Flávio Dino na Assembleia Legislativa do Maranhão usaram de ilícito para, em atendimento ao Poder Executivo, aprovarem o aumento de alíquota do Imposto de Circulação de Mercadoria e Serviço (ICMS) no estado. Polêmico, o Projeto de Lei n.º 228/15, capeado pela mensagem n.º 115/2015 do governador comunista, aponta produtos como refrigerantes, cosméticos importados e ração animal como itens de luxo ou supérfluos.

Aprovado na última segunda-feira do mês de setembro, o aumento da alíquota do ICMS deveria ter sido votado em uma sessão extraordinária a ser realizada logo após a sessão ordinária, e não ser analisado a toque de caixa pelas comissões técnicas e votado no plenário, durante sessão suspensa, como ocorreu.

É o que aponta a Ordem do Dia da sessão do último dia 28, quando ocorreu a artimanha.

Segundo o documento, o requerimento n.º 520/2015, de autoria do deputado Fábio Macedo, que é presidente da Comissão de Ética e por isso responsável por, dentre outras coisas, evitar esse tipo de manobra, solicitava que o pedido de urgência feito pelo Executivo fosse votado em sessão extraordinária, após a sessão ordinária, e não que fosse suspensa a sessão em tramite para o parecer das comissões técnicas.

Apesar de omitir o trecho em que o líder do Bloco do Governo, deputado Eduardo Braide (PMN) faltou com a verdade ao justificar aos demais parlamentares que o projeto se tratava da garantia de que o ICMS de compras feitas pela internet ficariam no estado, as notas taquigráficas da sessão em que foi aprovado o aumento da alíquota do imposto de 1% para 2% mostram que a manobra partiu do deputado Marco Aurélio (PCdoB).

Durante a sessão, após o presidente da Casa, deputado Humberto Coutinho (PDT), colocar em votação e aprovar o requerimento de Fábio Macedo, o deputado comunista solicitou a anuência dos líderes das comissões para que a sessão fosse suspensa para a votação de projeto de sua autoria que tratava de outro assunto, isto é, do Projeto de Lei n.º 220/2015, que denomina “Hospital Ribamar Cunha” o Hospital Macrorregional de Imperatriz, de construção iniciada pelo governo anterior e com prazo de entrega pelo atual governo para fevereiro do próximo ano. Por conivência, cumplicidade ou puro deslize, coube então a Coutinho inserir nesse meio tempo o projeto de autoria do governador Flávio Dino para ser votado e aprovado de forma antirregimental, e não na decidida pelos próprios deputados segundos antes, que seria em sessão extraordinária, após a sessão em curso, conforme o requerimento de Fábio Macedo.

Projeto anticonstitucional

Deputado Marco Aurélio

A aprovação a toque de caixa do PL 220/2015, de autoria do deputado Marco Aurélio, confirma a manobra da base governista para aprovar de forma ilícita e por meio de artimanha o aumento da alíquota do ICMS no estado, além outras matérias de interesse do governo, conforme denunciou ontem o deputado Adriano Sarney (PV).

De acordo com o artigo 43, III, da Constituição Estadual, e com jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, é de competência privativa ao chefe do Poder Executivo a iniciativa de propor projetos de lei que disponham sobre a organização administrativa do estado. Logo, se seguisse os tramites regimentais, e passasse primeiro pelo crivo da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, cujo presidente é o próprio Marco Aurélio, em uma reunião na sala da CCJ, em uma sessão extraordinária ou sessão ordinária posterior, o PL utilizado pelo comunista para a manobra sequer tinha sido levado ao plenário por padecer de inconstitucionalidade.

O próprio governador Flávio Dino é quem confirmará essa observação, em mensagem que deve agora enviar à Assembleia Legislativa, vetando integralmente o projeto inconstitucional do presidente da CCJ aprovado de forma antirregimental e ilícita pelo plenário, já que o requerimento do deputado Fábio Macedo pedia de forma clara que o aumento da alíquota do ICMS fosse votado somente em sessão extraordinária.

Um semana antes da base governista manobrar casando os dois projetos para aprovação, inclusive, Dino já havia encaminhado mensagem à Assembleia Legislativa informando o veto integral por inconstitucionalidade ao Projeto de Lei nº 093/2015, de autoria do deputado Othelino Neto (PCdoB), idêntico ao de Marco Aurélio, pois denominava o Hospital Regional de Pinheiro de Hospital Regional Doutor Jackson Lago. O hospital acabou levando o nome sugerido, mas por iniciativa do governo, como determina a lei.