Por falta de quem o assuma, projeto partidário de Jair Bolsonaro deve nascer pífio no Maranhão

Maura Jorge (Funasa) e Coronel Monteiro (SPU) devem assumir a organização do Aliança pelo Brasil no Maranhão

Quem vai mesmo cuidar no Maranhão do processo de criação do partido Aliança pelo Brasil, inventado presidente Jair Bolsonaro depois do rompimento com o PSL, pelo qual se elegeu? Ninguém sabe ao certo. A maioria dos bolsonaristas maranhenses continua no PSL, estando outros tantos espalhados em partidos como PSC, PSD e Patriotas. Os porta-vozes do bolsonarismo estão mergulhados no compasso de espera. Maura Jorge se mantém distante e em silêncio à frente do braço maranhense da Funasa. O coronel aposentado Ribamar Monteiro faz o mesmo à frente da Secretaria de Patrimônio da União (SPU) no Maranhão, enquanto o terceiro membro do trio governista, o médico Allan Garcez abandonou um cargo que ocupava no Ministério da Saúde e seguiu para o Acre, onde se tornou secretário de Estado da Saúde. Aliados como o senador Roberto Rocha (PSDB) e os deputados federais Edilázio Júnior (PSD) e Aluísio Mendes (PSC) dão mostras de que vão continuar apoiando o Governo, mas não querem ter qualquer tipo de envolvimento com a criação do novo partido, muito ao contrário.

Não será fácil a sobrevivência política para quem decidir assumir as cores do bolsonarismo no Maranhão ou em qualquer região do País. Principalmente em meio à repercussão devastadora da crise de identidade ideológica que resultou na demissão do secretário nacional de Cultura, Roberto Alvim, por haver ele assumido a sua condição de neonazista cultuando o discurso sombrio do ministro da Propaganda da Alemanha nazista, Joseph Goebbels. No caso maranhense, a dificuldade é ainda maior pelo fato de ser o Governo de Jair Bolsonaro rejeitado por mais de 60% da população, que demonstrou esse sentimento nas urnas em 2018. E mesmo com alguns políticos tentando minimizar a elevada rejeição, não será nada fácil para os simpatizantes do Governo Bolsonaro ajudar na formalização do partido Aliança pelo Brasil, que só ganhará autorização da Justiça Eleitoral para lançar candidatos às eleições municipais de Outubro se conseguirem colher 499 mil assinaturas em todo o País até abril.

O exemplo está no próprio PSL, que mesmo participando das eleições de 2019 como o partido do candidato Jair Bolsonaro, que liderou a corrida e se elegeu presidente, teve desempenho pífio nas urnas maranhenses, só elegendo um deputado estadual, o advogado Karlos Parabucu Santos Figueiredo dos Anjos, conhecido como Pará Figueiredo, que não dá sinais de interesse pelo projeto partidário do presidente da República. A candidata do partido ao Governo do Estado, Maura Jorge, ungida pelo então candidato Jair Bolsonaro como sua representante no estado, recebeu apenas 4% dos votos, só vencendo o candidato tucano, senador Roberto Rocha, que saiu das urnas com pouco mais de 2% dos votos.

As evidências, todas muito fortes, indicam que, como um partido não nasce por geração espontânea, mas pelo resultado do trabalho duro de milhares de eleitores unidos por um ideário, o Aliança pelo Brasil não tem qualquer futuro no Maranhão. Se ganhar forma, será um ente partidário menor, sem lastro, exatamente porque não conta com o suporte sequer de um embrião de militância. É provável que a ex-prefeita de Lago da Pedra, Maura Jorge, e coronel aposentado Ribamar Monteiro somem esforços e liderem um movimento para reunir simpatizantes do presidente Jair Bolsonaro em torno do projeto de criação do partido, mas é possível também que os bolsonaristas maranhenses sequer se mobilizem na busca de assinaturas para a formação do partido.

O fato concreto, como demonstram as evidências, é que até agora o projeto de criação do Aliança pelo Brasil não conta com líderes que o impulsionem colhendo assinaturas em praça pública. Dessa maneira, o projeto partidário de Jair Bolsonaro poderá até ganhar corpo, mas o seu braço maranhense, se nascer, nascerá pífio. (Da coluna Repórter)