É conhecida uma frase do ministro Eliseu Padilha que diz mais ou menos assim: “Os três pretinhos que os brasileiros mais gostam são Pelé, café e asfalto”.
Noves fora a brincadeira politicamente errada do ex-ministro de FHC, asfalto realmente ainda faz o maior sucesso no país, principalmente nas regiões mais pobres.
O lamentável, porém, é constatar que em pleno século XXI um prefeito de capital ainda faz de asfaltamento de vias públicas a sua principal ação de gestão.
Ora, que o prefeito da simpática Satubinha faça do tal “Mais Asfalto” uma conquista espetacular para a cidade e para a cidadania local vai lá, mas chega ser deprimente, chega causar vergonha alheia fazer de quilômetros do “pretinho” a grande iniciativa de gestão em um município de 1 milhão de habitantes, ainda mais quando se trata de uma capital.
Asfaltamento de ruas já era para ser algo tão comum e banal em São Luis quanto à coleta de lixo. Mas nas sucessivas administrações de São Luis, e mais agora com o prefeito Edivaldo, nunca se fez tanta festança por asfalto!
Morava no bairro do Maranhão Novo na década 70 do século passado. Devia ter uns 6 anos de idade, mas lembro da felicidade que foi a chegada das máquinas para asfaltar as ruas. A gurizada se rolava nos asfalto após os serviços concluídos.
Certamente, a felicidade das crianças de hoje deve ser a mesma ao verem máquinas e caçambas chegarem nos bairros levando o “pretinho”, o problema é que a prefeitura parou no tempo.
Na gestão Edivaldo é assim: a saúde vai mal; a educação está capenga; a infraestrutura é sofrível; o transporte público é lastimável; a mobilidade urbana não inexiste; o planejamento é de faz de conta, a urbanização é precária etc, etc, etc. Em síntese: não existe gestão.
Mas os releases oficiais são disparados com uma raio comemorando mais 300 km de ruas asfaltadas…
Não me leve a mal, amigo Gilberto Léda, mas a gente não quer só asfalto. E, parodiando Arnaldo Antunes, finalizo:
“A gente não quer só ‘asfalto’;
A gente quer ‘asfalto’, diversão e arte;
A gente não quer só ‘asfalto’;
A gente quer saída para qualquer parte”.
Robert Lobato