A investigação do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), que levou à descoberta de fraude em licitação que causaram prejuízos de R$ 230 milhões em pelo menos 17 prefeituras maranhenses, é muito mais ampla. Tão extensa que poderá levar à descoberta de novas pessoas envolvidas no esquema de corrupção, conforme documentos obtidos pelo Blog, três meses antes da Operação Cooperare deflagrada no dia 13 deste mês.
As investigações do Ministério Público apontaram que as prefeituras estavam envolvidas em um esquema que desviou cerca de R$ 170 milhões dos cofres públicos. Segundo representação do órgão, houve irregularidades na contratação da Cooperativa Maranhense de Trabalho e Prestação de Serviços – Coopmar e mais de 10 empresas.
O problema é que essa descoberta pode ter puxado o fio da meada de um esquema bem maior, envolvendo outras cooperativas e outras prefeituras. No mês retrasado, mostramos em primeira mão uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) em convênios firmados entre seis prefeituras com duas organizações da sociedade civil de interesse público (Oscips) que detectou uma série de irregularidades com o dinheiro públicos destes municípios. A descoberta só foi possível depois de uma representação do vereador de Chapadinha, Marcelo Pessoa de Menezes (PSB) protocolada no órgão e que acabaram resultando no acompanhamento e fiscalização in loco de auditores fiscais, mediante o Termo Circunstanciado (TC) de número 010.377/2011-5.
A ligação do esquema que envolve a Coopemar com outras duas cooperativas ficou mais evidente com revelações publicadas pelo jornalista Marco D’Eça em seu blog mostrando que um dos investigados na Operação Cooperare, Gleydson de Jesus Gomes Araújo, tem vínculo direto com a Cooperativa dos Profissionais Específicos da Saúde LTDA., conhecida por Coopes.
Segundo as informações reveladas hoje, foi Gleydson quem representou a Coopes na assinatura de um contrato de R$ 10,9 milhões com a Prefeitura de Vargem Grande, em março de 2011, durante a gestão do prefeito Miguel Fernandes.
No mesmo dia, a mesma prefeitura assinou contrato com outra cooperativa, a Interativa Cooperativa de Serviços Múltiplos LTDA., no valor de R$ 2,5 milhões.
Coincidentemente, a Coopes e a Interativa compartilham o mesmo telefone em seu CNPJ; e foram abertas apenas com um dia de diferença uma da outra: a Coopes no dia 7 de janeiro e a Interativa no dia 8 de janeiro de 2009.
Detalhe: a Prefeitura de Vargem Grande não está na lista das 17 investigadas no esquema da Coopmar.
Sinal de que o rombo nos municípios maranhenses pode ser muito maior que os R$ 230 milhões desta fase das investigações.
Do Blog do Antônio Martins