Pré-candidata a prefeita Irandir Fernandes participa das comemorações da Comunidade quilombola de Piqui da Rampa em Vargem Grande

piquiA comunidade de Piqui da Rampa realizou o 21º Festival da Farinha, considerado um dos maiores eventos da região do Itapecuru.

A pré-candidata a prefeita da cidade de Vargem Grande Irandir Fernandes, esteve presente nas comemorações  junto do seu marido o ex-prefeito Miguel e amigos.

Irandir destacou a importância das comemorações na comunidade. “Uma belíssima festa realizada pelos moradores do Piqui da Rampa, e eu não poderia deixar de participar dessa festa que é sem duvidas uma das mais importantes da cidade de Vargem Grande” destacou.

20151214092919“Tudo aqui é fruto de muito trabalho e união. A nossa vontade é chegar sempre mais longe, sem perder de vista a nossa história, luta e identidade”, disse Edmilson Fernandes, 52 anos, um dos líderes da comunidade negra quilombola do Povoado Piqui da Rampa, localizada a 20 km do município de Vargem Grande. Neste final de semana, sábado (12) e domingo (13), Dia de Santa Luzia, a comunidade de Piqui da Rampa realizou o 21º Festival da Farinha, considerado um dos maiores eventos da região do Itapecuru, contando com um público estimado de 10 mil pessoas.

Na década de 90, incentivados e apoiados pela Paróquia de São Sebastião, de Vargem Grande, os moradores da comunidade Piqui da Rampa decidem se organizar e fundam a Associação Comunitária de Piqui da Rampa que, hoje, congrega 34 famílias. “A melhora de nossas condições de vida começou a partir dessa nossa tomada de decisão. De lá pra ca tivemos muitas conquistas e, com fé em Deus e com a intercessão de Santa Luzia, vamos conseguir muito mais”, conta Maria Joana Sales Barbosa, segunda dirigente da Igreja Católica de Piqui da Rampa.

“Hoje é um dia de festa para comemoramos e agradecer à Santa Luzia, nossa padroeira, as conquistas de nossa comunidade”, afirma Maria da Paz Fernandes, 62 anos, a mais antiga moradora de Piqui da Rampa e neta de Henriqueta Selvina Leite, uma das fundadoras da comunidade e negra alforriada, no século XIX. “Não saio daqui de jeito nenhum. Aqui é o meu cantinho da felicidade ao lado de meus filhos e netos”, salienta Maria da Paz.20151214092921

Os povoados Piqui da Rampa, Rampa e São Joaquim da Rampa ocupam uma área de 6.418 hectares, que forma o território quilombola chamado de Rampa ainda que espera a demarcação e titulação pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), cujo processo já se arrasta por muito tempo. “Será que é preciso morrer gente para podermos garantir nossos direitos”, questiona indignado Walter dos Santos, 45 anos, secretário da Associação Comunitária do Povoado Piqui da Rampa.

PERFIL DA COMUNIDADE

O acesso à comunidade se dar por uma estrada de piçarra e estreita, ladeada de capoeiras, árvores frutíferas e moradas de outras comunidades, na sua maioria de taipa e cobertas de telha.

O povoado Piqui da Rampa destaca-se pela exuberância de suas belezas naturais como, por exemplo, as mangueiras frondosas e os vários juçarais que circundam suas casas, todas construídas de tijolos e cobertas de telha.

Conta com energia elétrica monofásica, uma pequena igreja construída pelos próprios moradores, um poço artesiano com rede de distribuição, duas escolas (uma do Município e outra do Estado), um grande salão comunitário e um galpão onde são armazenados os equipamentos de uso coletivo e uma casa de farinha.

As famílias são todas negras, vivem da agricultura e da pesca e tem uma médeia de quatro filhos. A maioria é beneficiária do Programa Bolsa Família (PBF), do Governo Federal. Uma quota do Fundo Comunitário, que é formado pelo apurado das atividades da Associação Comunitária e rateado entre eles, complementa com a maior parte a renda das famílias.

A tradição do trabalho coletivo é mantida pela comunidade e ensinada às novas gerações. A relação de parentesco é uma marca da comunidade. A maioria das famílias se diz católica e devota de Santa Luzia. Apresenta como manifestação cultural mais forte o tambor de crioula, que se apresenta nas datas festivas como o Festival da Farinha, o Dia da Consciência Negra, Dia de Finados, Festas Juninas e no Festejo de São Bartolomeu (De 15 a 24 de agosto).

Os pequizeiros, antigamente encontrados em grande quantidade ao ponto de determinarem o nome da comunidade, hoje são poucos devido ao desmatamento indiscriminado que ocorreu na região.

CONQUISTAS DA COMUNIDADE

12321167_959831794089665_6931537012254480854_nEm parceria com órgãos governamentais, de âmbito federal e estadual, e entidades religiosas, a comunidade de Piqui da Rampa, por intermédio da Associação Comunitária, conseguiu a construção de 8 km de estrada piçarrada de acesso ao povoado, 6 km de rede elétrica de alta e baixa tensão, a construção com tijolo e telha de todas as casas da comunidade, sistema simplificado de abastecimento de água (com poço artesiano e rede de distribuição), casa de farinha motorizada e um kit de irrigação.

O kit de irrigação é utilizado no projeto de produção de hortaliças, que ocupa uma área de dois hectares, no qual são cultivados maxixe, quiabo, pepino, pimentão, cheiro verde, alface e legumes como abóbora, feijão e outros. Outros quatro hectares são utilizados para as culturas de sequeiro como, por exemplo, mandioca, milho, arroz e feijão. Parte dessa produção é comercializada por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e outra por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).

Com o financiamento de um lote inicial de 500 pintos pelo Banco Mundial, por meio de convênio, a comunidade desenvolve o Projeto Galinha Caipirão, que produz uma média de 500 cabeças, vendidas todas as terças-feiras, a cada três meses, nas feirinhas populares da cidade de Vargem Grande, ao preço de R$ 25,00 a cabeça. “O dinheiro arrecadado da venda de tudo que produzimos, e do que é apurado no Festival da Farinha, é colocado no Fundo Comunitário e aplicado naquilo que decidimos ser prioridade para a nossa comunidade”, esclarece Edmilson Fernandes.

O SOFRIMENTO COM A SECA

Com a falta de chuvas por um período de seis meses, desde o final de junho deste ano, o Projeto de Hortaliças encontra-se totalmente perdido. “É muito triste a gente ver essa situação. Perdemos todo o nosso plantio de quiabo e maxixe, pois os reservatórios de água (um de 20 mil litros e outro de 50) secaram e não tivemos mais como irrigar. É muito difícil a gente produzir sem ter o apoio necessário. Calculo nosso prejuízo em torno de uns R$ 50 mil”, lamenta-se Edmilson Fernandes.

Segundo os moradores de Piqui da Rampa, desde 1986 que não acontecia um período de estiagem tão prolongado como o deste ano. Todos os igarapés da comunidade secaram. “A valência é que temos um poço artesiano que, por enquanto, nos garante água para beber, banhar e cozinhar. E graças a Deus que, hoje, véspera do Dia de Santa Luzia, deu uma boa chuva e espero que seja o início do período chuvoso”, observou Walter Santos.

O FESTIVAL DA FARINHA

A programação do 21º Festival da Farinha foi iniciada, no sábado (12), com a procissão conduzindo a imagem de Santa Luzia, que percorreu todo o povoado até a igrejinha, na qual foi celebrada uma missa pelo padre da Paróquia de Vargem Grande, Paulo Maran Muniz, que é negro. “Para mim é motivo de orgulho estar pela segunda vez na comunidade de Piqui da Rampa. Esta é uma comunidade que é referência de organização e união em toda a região do Itapecuru. Sinto-me em casa e profundamente identificado com nossos irmãos negros que aqui moram”, disse.

Em seguida, houve a apresentação do tambor de crioula, torneio de futebol e a festa com a animação da radiola de reggae Nova Mega Itamaraty, de São Luís, que se estendeu até o domingo (13). “Recebemos gente de todo o estado. Já chegaram caravanas vindas de ônibus de várias localidades, inclusive de São Luís, para animarem nossa festa, que é tranquila e animada. Nunca tivemos nenhuma confusão”, ressaltou Sebastião dos Santos, 52 anos, conhecido por Jazir, um dos coordenadores do evento.

Toda a comunidade participa diretamente da organização desse evento, sendo os moradores divididos em equipes de trabalho: alimentação, recepção, limpeza, vendas e apoio logístico, que eles chamam de pátio. Todo ano são vendidas em torno de 800 grades de cerveja. Este ano mataram cinco bois e 200 frangos. “Nossa festa vai até se poder “pegar o sol com a mão”, ou seja, até o dia amanhecer”, ressalta Sebastião Santos.

DESAFIOS DA COMUNIDADE

Segundo Maria Joana, a próxima conquista sonhada pela comunidade de Piqui da Rampa é a construção de um Posto de Saúde. Hoje, só uma vez ao mês vai um médico ao povoado. “Precisamos também retomar nosso projeto de Hortaliças”, acrescenta.

 

1 thoughts on “Pré-candidata a prefeita Irandir Fernandes participa das comemorações da Comunidade quilombola de Piqui da Rampa em Vargem Grande

  1. Do Lado do Povo ………………… !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

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