Faltando duas semanas para começar o governo Flávio Dino e apenas dois dias para acabar a 17ª Legislatura da Assembleia do Maranhão, o seu plenário, de repente, se transformou num blocão “maciço” onde todos os deputados viraram “governistas”. Tal posicionamento inédito nos últimos tempos não tem relação direta com a investidura do presidente da Alema, Arnaldo Melo, na chefia do governo maranhense, depois que Roseana Sarney renunciou. É simplesmente reflexo das urnas de outubro, que deram a acachapante vitória de Flávio Dino e entortaram posições políticas para todos os lados.
Como a Assembleia Legislativa também sofreu o baque do resultado eleitoral, com a renovação de 50%, os remanescentes que não se reelegeram não estão nem aí para esses poucos dias que faltam para o recesso e o “fim” de seus mandatos. Como não haverá período extraordinário durante as férias, que começam no dia 22, os deputados podem antecipá-lo para amanhã, pois tudo que falta ser aprovado foi objeto de um acordo de “cavalheiros”. Ontem, por exemplo, foi aprovado um pacote de matérias encalhadas pela campanha eleitoral e depois por obstrução da oposição. Tudo passou na base da camaradagem, que resultou nas aprovações unânimes.
Hoje, a pauta principal é o orçamento de 2015, o primeiro do governo Flávio Dino, no valor de R$ 15,8 bilhões, que os deputados governistas e oposicionistas já acertaram aprovar sem muita prolação.Tais fatos, portanto, marcam o momento político vivido no Executivo, onde o governador eleito Flávio Dino foi visitar o interino Arnaldo Melo, substituto de Roseana, que, por sua vez, não teve qualquer encontro com o sucessor. Na Alema, nessa fase de camaradagem plena, ninguém sabe mais onde está a oposição e governistas. Até os vetos de Roseana são derrubados por unanimidade, como ocorreu ontem.
Por essa e outra é que não há como concordar com o escritor português Eça de Queiroz, que dizia: “Políticos e fraudas são para serem trocados. E pelo mesmo motivo”. É preferível o pensamento do velho cacique mineiro Magalhães Pinto, que era mais sereno: “Política é como nuvem. Você olha e ela está de um jeito. Olha de novo, já mudou de formato e de lugar”. O plenário da Assembleia Legislativa, depois que o grupo Sarney perdeu o comando da política maranhense, virou um nevoeiro. Tudo se movendo ao sabor das circunstâncias. Onde está a oposição? Ninguém responde. Sumiu. E agora, José?
O Imparcial