Agora no PSDB, Ricardo Murad  leva os tucanos para a base do sarneysismo

Ricardo Murad agora o PSDB: pouca importância ideológica ou doutrinária

O ingresso do ex-deputado Ricardo Murad no PSDB – já é presidente do Diretório do partido em Coroatá -, mais que uma simples mudança partidária, é o exemplo mais acabado de como um político pode desmontar o argumento de que partido político no Brasil é coisa séria. Ricardo Murad chega ao ninho dos tucanos depois de ter pertencido à Arena, à Frente Liberal, ao PFL, ao PDS, PMDB, ao PDT, ao PSB e ao PTN, cobrindo um arco ideológico que vai da direita conservadora à esquerda moderada, estacionando, finalmente, no centro tucano, que levando em contas as posições tucanas maranhenses, pode ser definida como centro-direita.

Com uma personalidade muito forte e um estilo tratoral, do tipo “sai do meio senão passo por cima”, Ricardo Murad nunca deu a menor importância a qualquer dos três pilares que sustenta a ideia de partido político: ideologia, doutrina e programa. Para ele, partido é pura e simplesmente o suporte legendário que garante acesso a mandatos e legitima as ações de detentores dos mesmos, ou seja, presidente, senador, deputado federal, governador, deputado estadual, prefeito e vereador. No mais, para nada servem, tanto que chegou a ser cômico quando ele se travestiu de socialista e abriu a “Cantina Socialista”, no Centro de São Luís. Frequentadores por ele convidados falavam de tudo, menos de socialista. E como não fazia sentido, a “Cantina Socialista” foi fechada em pouco tempo. Quando desembarcou no PDT, logo nos primeiros movimentos percebeu no partido de Jackson Lago não havia espaço para o seu “quero, mando, posso”, cuidando de zarpar dali o mais rapidamente possível.

Nas contínuas migrações partidárias de Ricardo Murad, chama a atenção que ele leva sempre as marcas do sarneysismo, ainda que vez por outra tenha se estranhado com o seu ninguém de origem, e quando pode, pende para o lado do Grupo Sarney. Em 2002, então no PSB, disputou o Governo do Estado com José Reinaldo (PFL), que ficou em 1º lugar, Jackson Lago (PDT), em 2º e ele ficou em terceiro. Só que estava inelegível e a coligação sarneysista o denunciou pedindo a anulação dos seus votos. A situação ficou assim: se ele recorresse, o processo rolaria, seus votos permaneceriam temporariamente válidos, e haveria segundo turno, com possibilidade concreta de Jackson Lago ser eleito; se não recorresse, reconheceria a invalidez dos seus votos e José Reinaldo venceria a eleição no 1º turno. Ele não recorreu e deu a eleição de presente para José Reinaldo.

Outro dado a ser anotado é que ao ingressar no PSDB, Ricardo Murad leva definitivamente o PSDB para a esfera do Grupo Sarney, confirmando a suspeita de que o senador Roberto Rocha já vinha querendo fazer isso há tempos e não encontrava o caminho. (Da coluna Repórter)