PT quer espaço na chapa majoritária de Dino e investe contra a candidatura de Eliziane Gama ao Senado

Márcio Jardim quer a vaga de Eliziane Gama para se candidatar ao senado
Márcio Jardim quer a vaga de Eliziane Gama para se candidatar ao Senado, reivindicando espaço para o PT

O que alguns observadores mais atentos vinham suspeitando ganha agora a condição de verdade absoluta e indiscutível: o PT decidiu jogar todo o seu peso político para participar da chapa majoritária da aliança liderada pelo governador Flávio Dino (PCdoB), e escolheu como alvo a vaga de candidato ao Senado já ocupada pela deputada federal Eliziane Gama (PPS), e a de vice-governador, já confirmada para o vice Carlos Brandão (PRB). A investida do PT, claramente configurada em declarações feitas por integrantes graúdos do partido no Maranhão, tem alcançado com maior força o projeto senatorial de Eliziane Gama, que na avaliação deles, não deveria ser candidata da aliança dinista por ter se posicionado contra a então presidente Dilma Rousseff (PT) no processo de impeachment, por orientação do seu partido. Em relação à vaga de candidato a vice-governador, as investidas petistas são mais cuidadosas e discretas, já que não encontram argumentos contra Carlos Brandão, que, mesmo tendo sido ele presidente do PSDB no Maranhão, manteve-se leal ao governador e posicionou-se distante da guerra que resultou na derrubada da presidente da República.

A pressão do PT por uma vaga na chapa majoritária da aliança dinista chega tardiamente e contraria frontalmente a estratégia definida pelo governador Flávio Dino para compor o quadro de candidatos: eles precisaram se viabilizar politicamente, obtendo o aval dos partidos da aliança, e ganharam peso eleitoral, e também, é claro, por estarem em perfeita sintonia com a linha política praticada pelo PCdoB e seus aliados. Um dos movimentos teria partido do secretário de desenvolvimento Humano e Mobilização Popular, Francisco Gonçalves, e do presidente do PT em São Luís, vereador Honorato Fernandes, que teriam tentado emplacar o advogado Mário Macieira, ex-presidente da OAB, em uma das vagas para o Senado, enquanto o ex-secretário de Esportes, Márcio Jardim, começou a questionar a presença da deputada Eliziane Gama na aliança governista.

O problema é que o deputado federal Weverton Rocha, por exemplo, começou a se viabilizar em 2016, cumprindo à risca a busca de suporte político e partidário para sustentar sua candidatura, tendo conseguido a vaga de candidato a senador com aval de todos os partidos da aliança. Eliziane Gama entrou na disputa apontada pelas pesquisas como um dos nomes mais fortes para o Senado, aproveitando esse cacife para pedir o apoio dos partidos. O resultado dos esforços do pedetista e da popular-socialista foi anunciado na noite de 18 de Abril, no Palácio dos Leões, quando o governador Flávio Dino reuniu os líderes dos 14 partidos que integram a aliança que comanda para anunciar a composição chapa majoritária: ele e o vice Carlos Brandão candidatos à reeleição, e os deputados federais Weverton Rocha e Eliziane Gama candidatos ao Senado.

O PT não participou desse planejamento, preferiu fazer um jogo politicamente estranho no qual uma banda manteve-se alinhada ao Governo do PCdoB e outra ficou numa espécie de “muro”, ora declarando-se aliada do governador Flávio Dino, ora flertando ostensivamente com o Grupo Sarney, e ora ensaiando o lançamento de um candidato próprio. Chamados “na tranca” pelo comando nacional do partido, que reconhece no governador Flávio Dino a voz mais ativa na defesa dos ex-presidentes Dilma Rousseff e Lula da Silva, os chefes do PT no Maranhão andaram pisando no freio nas suas investidas. E, liderados pelo presidente regional Augusto Lobato, foram ao governador dizer-lhe que o partido integrará a aliança governista, deixando no ar o interesse numa vaga na chapa majoritária.

Diante do anúncio do fechamento da chapa, vozes petistas de expressão decidiram investir, primeiro na vaga de vice-governador, não encontrando qualquer brecha para consumar o ataque e ocupar o espaço. Agora, investem pesadamente contra a deputada federal Eliziane Gama, tentando desqualificá-la com o argumento de que ela foi voz estridente a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff, seguindo a orientação do seu partido, o PPS, que junto com o DEM e o PSDB formou a trinca de frente pela derrubada da presidente petista. O ataque mais frontal partiu do ex-secretário de Esporte Márcio Jardim, que usando o argumento do impeachment defendeu a saída da parlamentar da chapa, propondo que ele próprio venha a ser o candidato.

Não há qualquer sinal de que o Palácio dos Leões esteja levando a sério essa investida fora de temo do PT. Mas como em política até boi voa, e no Maranhão o faz até com asa quebrada, vale registrar e aguardar.