Com título de escola paulista exaltando o Maranhão e a revitalização da Beira-Mar, Flávio Dino vence guerras midiática e política contra Grupo Sarney

Repórter Tempo- Traduzindo a guerra pelo poder que está em curso e terá desfecho em outubro, o Carnaval maranhense deste ano foi um dos mais politizados dos últimos tempos. No “bate-rebate” do “fez-não fez”, travado entre o governador Flávio Dino (PCdoB) e seu grupo e o ex-presidente José Sarney (MDB) e seus aliados, o dirigentes levou a melhor. Sarney e seus parceiros tentaram mostrar que o Carnaval de São Luís seria fraco e sem graça, mas Dino e seus aliados, numa perfeita sintonia com o prefeito Edivaldo Jr. (PDT), responderam com um dos maiores Carnavais de rua dos anos recentes, conseguindo a proeza de revitalizar a Beira-Mar, por onde passaram quase um milhão de pessoas de sábado a terça-feira, e sem registro de problemas grave de violência. No esforço do “bate-leva”, seus adversários criticaram duramente o apoio do Governo do Estado e da Prefeitura de São José de Ribamar ao enredo da escola paulistana Acadêmicos de Tatuapé, que cantou o Maranhão, mas a escola paulistana respondeu com um desfile magnifico e um samba contagiante, e saiu do sambódromo como campeã. A Acadêmicos do Tatuapé colocou o Maranhão, suas riquezas e suas tradições culturais no epicentro da mídia, o desfile arrebatador em todos os aspecto. E, não bastasse isso, outra escola de São Paulo, a Mocidade Alegre, levou o segundo lugar com o enredo contando a trajetória de Alcione, a gigante maranhense do mundo do samba.

O enredo “Maranhão: os Tambores vão ecoar na Terra da Encantaria”, cujo belíssimo samba tem como refrão: “Viva São José, venha me valer / Ilu ayê ô Ilu ayê (bis)/ Tatuapé numa linda procissão / Canta sua história… Oh Maranhão”, encantou milhares de paulistanos e turistas e fez com que a escola saísse da avenida cantando e gritando “É campeã!”. O Maranhão já foi cantado por algumas escolas de samba do Rio de Janeiro e de São Paulo, os carnavalescos deram o melhor de si e desenvolveram bons desfiles, incluindo o da Estação Primeira de Mangueira – que mandou uma trupe morar alguns meses em São Luís -, mas conseguiram apenas bons elogios, e nada mais. Com a Acadêmicos de Tatuapé a coisa foi diferente. A vinda dos seus representantes ao Maranhão foi discreta, e eles produziram um desfile deslumbrante e de uma beleza sem par. O samba, com uma letra simples e direta, com frases do tipo “Eita povo festeiro!”, que exaltou a alegria e a cultura popular, num ritmo entrecortado genialmente por um compasso de reggae. Embalada por uma harmonia capaz de tocar os críticos mais exigentes, a poesia encanta desde o grito inicial. O clip de apresentação do samba é uma joia. A Coluna foi informada por quem viu de perto, que os ensaios na quadra da escola foram espetaculares dada a empolgação com que os integrantes da bateria e das alas abraçaram o enredo e assimilaram sua versão musical. E com o detalhe importante de que o custo do desfile foi menor que o do ano passado. Muitos foram para a avenida motivados pela convicção de que o troféu de campeã seria da Escola. Estavam certos.

No plano local, o Carnaval de rua foi um dos mais animados dos últimos tempos. Sem esquecer o circuito de São Pantaleão, que tem como roteiro as ruas da Madre Deus, o Governo consolidou a volta da Beira-Mar como o principal corredor da folia na Capital. Funcionou. Pelo circuito, dominado por jovens, circularam milhares pessoas de todas as idades, inclusive muitas crianças, a maioria fantasiada, numa alegria contagiante a cada passagem de blocos organizados, como o Fuzileiros da Fuzarca, que é o mais puro ícone do carnaval de São Luís, e shows de artistas famosos.. Entre a Praça Maria Aragão e Casa da Cultura, na Praia grande, grandes massas carnavalescas desfilaram. Valeu também o Carnaval na Passarela do Samba, bem organizado e com as escolas e blocos tradicionais e organizado dando um colorido especial, num bom exemplo de eficiência da Prefeitura de São Luís.

Ao mesmo tempo em que se deu bem no Carnaval doméstico, com a execução de uma bem armada programação festiva, o governador Flávio Dino venceu a guerra midiática travada com o Grupo Sarney durante o reinado de Momo. Primeiro, porque não há como negar que a festança no circuito da Beira-Mar foi bem sucedida, e que o Carnaval na Passarela correspondeu à expectativa. No plano nacional, o apoio à Acadêmico de Tatuapé colocou o Maranhão numa imensa vitrine. O campeonato da Acadêmicos de Tatuapé colocou Maranhão suas belezas e suas tradições como tema de centenas de reportagens levadas ao ar em todo o País e até no exterior. Nenhuma campanha publicitária que fosse feita nesse período teria sido tão eficiente e alcançado resultado tão especial.

Conclusão óbvia e sem favor: o governador Flávio Dino venceu a guerra midiática e a guerra política travadas com o Grupo Sarney em torno do Carnaval. A vitória do governador no embate se deve ao fato de que ele acertou na mosca no resgate da Beira-Mar como espaço de concentração popular e, por isso, pode até abalar o projeto eleitoral de Roseana Sarney, que também atropelou adversários quando estava no poder e realizou grandes carnavais na Madre-Deus.