O dia que Eduardo começou a mandar no Brasil

A convocação de um ministro da Educação para prestar esclarecimentos à Câmara dos Deputados por uma declaração isolada sobre a existência de 300 a 400 parlamentares “achacadores” já era em si um negócio estranho. Eis que Cid Gomes aceitou entrar na jaula dos leões, mas não se rendeu de graça. Partiu para cima. Foi para a degola sem perder a dignidade.

O episódio entra para o anedotário político nacional. Mas muito menos por Cid e muito mais pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Que ele é matreiro, todos sabem. A cada bola dividida entre ele e Dilma Rousseff, a presidente nunca leva a melhor. E ontem jogou o jogo de poder de Brasília como nunca.

Sem perder a calma, sentado na sua cadeira, anunciou que Cid estava fora do governo. OK, deu o crédito ao governo. Mas ficou nítido que quem demitiu o ministro, de um jeito ou de outro, foi ele. E, mais do que uma demissão, foi um recado: quem cruzar o caminho de Cunha corre o risco de ser atropelado.

Depois das manifestações de domingo, coube a Cunha o topo da cadeia alimentar da política brasileira.