Não contratem o Saint Louis Buffet de Anaisa Bastos

Muitos dos problemas deste país se devem ao silêncio das vítimas. Muitas das pessoas que são extorquidas e prejudicadas por canalhas caem em golpes por falta de testemunhos de quem já foi vítima no passado. Ninguém gosta de perpetuar constrangimentos e muito menos tornar públicos embaraços, provavelmente isso acontece por ser difícil encontrar quem esteja disposto a externar algo que talvez fique melhor em segredo. Hoje, eu que tanto escrevo sobre os outros, estou aqui para falar de mim. Estou aqui para falar do que deveria ser o dia mais feliz da minha vida. Do dia que me foi roubado e usurpado por Anaisa Bastos, proprietária do Saint Louis Buffet.

Anaisa Bastos, proprietária do Saint Louis Buffet

Como deve ser do conhecimento de alguns de vocês, desde sábado (31) eu sou um homem muito bem casado. E apesar de toda a alegria, da companhia dos amigos, de muita diversão e um clima sensacional, eu e minha noiva passamos por constrangimentos que não desejo nem a nenhum casal.

Ocorre que eu e minha noiva tínhamos o sonho de casar na praia. Mais especificamente na areia da praia, como o sol da manhã em nossos rostos e o mar emoldurando o nosso amor. Eu queria um casamento farto, que se alastrasse por todo um dia na companhia de poucas pessoas, mas pessoas próximas e queridas.

No segundo semestre do ano passado procurei Anaisa Bastos. Fui na sua casa, no Condomínio Arpoador, na rua Projetada, Cohama. Mal sabia eu que o número 8 daquele condomínio abrigava quem viria ser a responsável pela destruição de meu maior sonho.

Nos encontramos, conversamos e eu fiz questão de mostrar foto por foto, detalhe por detalhe do que queria. Nada, absolutamente nada do que foi solicitado foi minunciosamente explicado.

Chega o grande dia. O nervosismo por medo do clima deu lugar a uma grande alegria. O sol brilhava, poucas nuvens milimetricamente postadas ao lado do sol impediam incômodos. Então eu e minha noiva começamos a perceber o festival de desrespeito de Anaisa Bastos.

O buquê da noiva, que era de responsabilidade de Anaisa, não fora confeccionado. O altar em que celebraríamos nossa união, que deveria ser coberto por vários tipos de rosas, foi substituído por uma armação de bambu e duas peças de pano. O caminho que levava até ele, que deveria ter grandes arranjos florais e pétalas de rosa para acariciar os pés de minha amada, foi substituído por alguns ramos de folhas e uma dúzia de flores. As flores que deveriam emoldurar as grades da fachada da casa, as bolas decorativas da piscina, o tapete vermelho na rampa de acesso e os arranjos que iriam esconder pequenas imperfeições no teto simplesmente não estavam lá. As panelas de barro que deveriam abrigar os pratos foram substituídos por louça de quinta categoria.

Isso para ficar apenas na parte da decoração. Já na parte do buffet…

Os garçons que deveriam servir os convidados foram aparecer as 10h30 da manhã. Havíamos combinado um certo número de cocos d’água. Ela, já na manhã do casamento, chamou o caseiro da casa e pede a ele que compre apenas metade. Nos foi cobrado R$ 1,75 por unidade, ela pagou apenas R$ 1,20 ao caseiro. Só descobrimos porque o próprio decidiu nos dizer. Veio o buffet, e mesmo que cerca de 20% dos convidados não tivesse aparecido, a fartura pretendida por eu e minha esposa deu lugar a um almoço rápido. Algumas pessoas em chegaram a se servir e a maioria absoluta dos pratos nem chegou a ser reposta. Os salgados, que haviam sido feitos por outra fornecedora, eram aos milhares. A outra fornecedora nos garantiu que o número era suficiente. A própria Anaisa os disse que iriam sobrar salgados para o dia posterior. Pois em menos de três horas eles acabaram. E o que mais ouvimos foram familiares e amigos dizendo que quase não haviam comido. Momentos depois descobrimos que ela, Anaisa Bastos, saía da festa com o carro abarrotado de… salgados.

E a coisa só não foi pior porque um convidado interviu nos freezers e impediu que todas as quinze caixas de cerveja se estragassem. Ao questionar o garçom pela omissão, ouviu apenas um sonoro: “eu não tenha nada com isso”.

Mesmo assim, apesar de todos estes contratempos causados por esta destruidora de sonhos, as pessoas, o ambiente, o clima, a banda e o nosso amor salvaram o sábado. Por causa única e exclusivamente destes fatores a festa foi divertida. Os convidados não sabiam o que tínhamos programado, para eles era aquilo que estava ali. Pensei em esquecer, deixar pra lá.

Mas, então veio a noite e eu fui atacado por uma feroz dor de barriga. Pensei que minha esposa iria ficar viúva antes mesmos das primeiras 24h de casamento. No outro dia vem a dura constatação: outras pessoas passaram pelo mesmo problema.

No fundo eu também me sinto responsável. Eu, que me julgo alguém tão perspicaz, me deixei enganar tão facilmente. Portanto, queria me desculpar com as pessoas, com todas elas. Com aquelas que não conseguiram provar dos salgados, as que não foram bem atendidas pelos garçons, as que não se serviram do buffet, as que foram ao evento esperando aquilo que eu comentava anteriormente e com as pessoas que passaram mal. Acreditem, eu sei bem a dor que vocês passaram e eu estou muito envergonhado por isso.

Mas, cima de tudo, eu quero me desculpar com minha noiva. Poderia ter sido o dia mais lindo, se tornou apenas um dia muito importante com boas e péssimas lembranças. Desculpa, Cinthia. Desculpa por eu não ter tido forças e conseguido te dar o dia perfeito que a gente planejou por tantos anos. Eu te amo.

Bem sei que a denúncia acima deve acarretar mais embaraços, mais perguntas e comentários. Contudo, eu e minha esposa decidimos fazer a denúncia pública e cumprir nosso papel. Se o preço a pagar para que Anaisa Bastos não engane e nem envenene outros casais e seus convidados for um pouco mais de nossa vergonha, estamos dispostos a pagar por isso.

Não contratem o Saint Louis Buffet de Anaisa Bastos.